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Dia do Armistício em Toronto

Textos e Fotos de: Carlos Morgadinho
Adiaspora.com

 

Quase cem anos atrás, no dia 11 de Novembro de 1918, foi assinado entre os aliados e a Alemanha o fim da Primeira Grande Guerra que, durante 4 anos, devastou muitos países europeus causando uns largos milhões de mortos, cerca de 19 milhões,  entre combatentes e civis com outros tantos ou mais feridos e estropiados, agravado com a destruição completa de muitas cidades.

As tropas canadianas que se bateram em vários  teatros de guerra,  Europa (na França, Itália e Holanda), África (na Líbia, Tunísia, Egípcio e África do Sul) e Asia (em Hong Kong e Coreia), desde o inicio do século passado, sofreram mais de 100 mil mortos com umas largas centenas de milhares de feridos num recrutamento que totalizou mais de um milhão e meio de combatentes. Mais recentemente temos a presença das forças armadas  canadianas na Bósnia, Líbano, Iraque e Afeganistão em operações de paz e combate também com baixas que já totalizaram algumas centenas de militares.

No entanto dado a insensibilidade e à morte de dezenas de milhares de beligerantes por dia, na Primeira Grande Guerra, muito conhecida pela luta sedentária de trincheira e duma carnificina sem procedente na história os alemães usaram todos os meios para neutralizar o adversário, inclusive ao recurso de armas químicas (gás cloro e mostarda) então proibido pela Convenção de Haia de 1899, pelo que ficou a ser relembrada pelo sublime sacrifício e devastação de muitos países e suas populações.

Gostariamos de focar os versos do Tenente-coronel médico, o canadiano John McCrae, que ficou transtornado pelos mortos e milhares de feridos que eram trazidos para o seu hospital de campanha, na Flandres, na região norte da Bélgica e que compôs estes belíssimos versos, "In Flanders Field", que aqui deixo registados (o dr. McGrae faleceu em França, no dia 28 de Janeiro de 1918).

Pois aqui em Toronto e não só, quase um século depois, como habitual todos os anos, o Dia do Armistício (Remembrance Day, na língua inglesa), o 11 de Novembro, continua a ser comemorado com pompa onde:

Nos Campos de Flandres
Nos campos de Flandres
as papoilas estão florescendo entre as cruzes
que em fileiras e mais fileiras assinalam
nosso lugar, no céu as cotovias voam
e continuam a cantar heroicamente
e mal se ouve o seu canto entre os tiros cá em baixo.
Somos os mortos...
Ainda há poucos dias, vivos,
Ah! Nós amávamos, nós éramos amados,
sentíamos a aurora e víamos o poente
a rebrilhar, e agora eis-nos todos deitados
nos campos de Flandres.
Continuai a lutar contra o nosso inimigo;
nossa mão vacilante atira-vos o archote:
mantendo-o no alto.
Que, se a nossa fé trairdes,
nós que morremos, não poderemos dormir,
ainda mesmo que floresçam as papoilas
nos campos de Flandres.
Flandres 1915

Estes versos foram lidos pelo capelão militar durante a cerimónia do Armisticio no Queen's Park.

Portugal também participou na Primeira Guerra Mundial, em África, lutando contra os alemães no sul Angola e no norte de Moçambique. Para França seguiu um Corpo Expedicionário de cerca de 20 mil homens que actuou na região de Flandres, na célebre batalha de La Lys, no dia 9 de Abril de 1918, onde cerca de 8 mil soldados sucumbiram na luta. Só no Cemitério Militar Português num local designado La Bombe, da comuna de Neuve Chapelle, estão identificadas duas mil sepulturas de nossos compatriotas mortos em combate. Na mesma região, em La Couture, junto da Igreja local encontra-se um monumento aos combatentes portugueses que pereceram naquela luta.

Mais tarde, já no ano de 1961 teve o inicio a luta para a independência dos povos das então colónias portuguesas de Angola, Moçambique e Guiné, acções bélicas que só terminaram após a Revolução de 25 de Abril de 1974. Na ansia de reprimir a autodeterminação desses povos o governo do ditador António Salazar mobilizou, ao longo desses anos, mais de 8oo mil homens para combater as guerrilhas subversivas tendo tombado na luta à volta de 11 mil portugueses mais um saldo de 75 mil feridos e estropiados.

Finalmente Portugal tem-se mantido em paz desde essa data dos anos setentas tendo apenas sido mobilizados alguns militares para serviço de paz nos territórios de Timor Leste, Bósnia e Afeganistão, onde, neste último, se ainda mantêm, ao serviço das Nações Unidas. 

Para honrarmos os nossos compatriotas que serviram e caíram na frente de combate o Grupo de Ex-Combatentes Portugueses das guerras em África e residentes aqui no Ontário associou-se às festividades oficiais das cerimónias nos jardins do Parlamento Provincial, o Queen's Park, onde está edificado um memorial em granito com imagens das guerras que o Canadá participou. Alguns milhares de pessoas se concentraram naquele local para assistir às cerimónias que contou com a presença do Premier do Ontário, o senhor Dalton McGuinty, do Brigadeiro-General Omer Lavoie e do Major-General Richard Rohmer. Durante os discursos relativos à bravura e ao sacrifício de todos aqueles que serviram o país com as armas na mão, aos seus mortos com a frase - "Nunca esqueceremos os nossos veteranos, nunca esqueceremos os nossos heróis" - sendo observado um minuto de silêncio em memória dos combatentes. Várias salvas de artilharia ribombou enquanto decorria a cerimónia tendo uma unidade militar desfilado na rua adjacente a este Parlamento.

Seguiu-se  o depositar de coroas de flores junto do memorial tendo o Consulado de Portugal sido representado pelo chanceler, Manuel Sousa, e os ex-combatentes pela mão do veterano Manuel Barreto, um director desta associação. Presente vários ex-combatentes liderados pelo porta-estandarte, Bento de São José, Artur de Jesus e outros cujos nome olvidamos mas que perfaziam uma dúzia, impecavelmente fardados com os seus camuflados.

VETERANOS PORTUGUESES EM OAKVILLE

Nesta cidade, no memorial aos veteranos portugueses e canadianos recentemente inaugurado no cemitério Glen Oaks Memorial Gardens,  vários ex-combatentes portugueses prestaram também as honras aos seus camaradas, portugueses e canadianos, que já partiram desta vida, deixando ali uma coroa de flores.

OS ESTUDANTES DA UNIVERSIDADE DE TORONTO TAMBÉM NÃO ESQUECEM OS SEUS HERÓIS

Passámos na "cidade" universitária de Toronto, mesmo ao lado do Parlamento do Ontário, onde os estudantes recordaram todos aqueles que defenderam as cores do Canadá no campo de batalha com o sublime sacrifício, o da própria vida. Ali, no largo daquela faculdade estava erguido um monumento provisório em madeira com a bandeira do Canadá. Assim se vê que os mais jovem não esquecem aqueles que tudo deram e lutaram para que hoje fossemos livres.

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